Lisboa. Mesmo viajando profissionalmente há tanto tempo, admito que tive no Corpo Santo Hotel uma experiência inédita: fui a primeira hóspede a me instalar ali, com direito a assinar livro e tudo. Trata-se de um dos mais novos hotéis 5 estrelas em Lisboa (que anda tão na moda, meu Deus), mas com peculiaridades que poucos têm.
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O Corpo Santo Hotel está instalado no Cais do Sodré, uma das regiões mais concorridas na noite lisboeta. Antes decadente, essa área sofreu um intenso trabalho de revitalização e hoje atrai gente de toda parte com uma concentração incrível de bares, restaurantes e boates (confira aqui alguns dos melhores bares do Cais do Sodré).
Logo em frente fica a igreja do Corpo Santo.
Uma curta caminhada leva à icônica rua Garrett, no Chiado, e a vários dos melhores restaurantes de Lisboa, como Alma, de Henrique Sá Pessoa, Cantinho do Avillez e Belcanto, de José Avillez.
Por falar em caminhada, outro bom programa é aproveitar os walking tours gratuitos que o hotel organiza, com 1h30 de duração. É, de fato, uma parte muito interessante da cidade para explorar.
O Corpo Santo Hotel também está muito perto do Mercado da Ribeira, que concentra amostras do que é feito de mais interessante em termos de gastronomia em Lisboa.
A poucos passos está, também, a Ribeira das Naus, avenida que margeia o Tejo, com direito à contemplação de um incrível pôr do sol e várias outras vistas belíssimas a qualquer hora do dia.
Neste mapa é possível encontrar a localização de alguns dos principais pontos em torno do Corpo Santo Hotel:
Três edifícios de arquitetura pombalina formam o atual Corpo Santo Hotel, que se transformou em um prédio de cor clara, com toldos vermelhos em destaque e 77 quartos (mais duas suítes).
Pisos, móveis, tudo recém-instalado, aquela sensação de estrear algo novinho em folha.
Quem chega encontra uma recepção decorada com muita madeira e iluminada pela tão exaltada luz de Lisboa. A equipe, calorosa, dá boas-vindas com água aromatizada e frutas. No verão escaldante daquele mês de setembro, vieram a calhar.
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Já durante o check-in o hóspede é informado sobre o legado histórico do Corpo Santo Hotel e convidado visitar o subsolo. O nome do hotel, aliás, estou abreviando desde o início deste post, porque, na verdade, trata-se do Corpo Santo Historical Hotel.
Esse nome se deve ao resultado de um longo trabalho de escavações realizado durante as obras de construção do hotel, que fez brotar nada menos do que 32 metros de muralha Fernandina. Trata-se de uma estrutura de defesa que ampliou, em 1373, as dimensões de uma cerca velha erguida pelos romanos na época de César.
A muralha recebe esse nome por ter sido construída por ordem do rei D. Fernando, para proteger Lisboa. Na época, a cidade acabava no ponto onde hoje está o Corpo Santo Hotel.
Repare que o vidro foi utilizado para resguardar a muralha, sem comprometer sua observação.
Durante as obras, foram escavadas, também, ruínas da antiga torre de João Bretão e vestígios do Palácio da Corte Real.
Esses incríveis achados acabaram transformando o subsolo do Corpo Santo Hotel em um núcleo museológico, que ainda não estava concluído quando fiquei hospedada (setembro de 2017).
Motivo: peças encontradas durante as obras estavam sendo analisadas e catalogadas por arqueólogos antes de serem expostas. O conjunto soma mais de mil itens e os arqueólogos, veja você, integram a equipe de funcionários do hotel.
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No mesmo piso, um corredor de madeira dá acesso ao restaurante do Corpo Santo Hotel, Porter, aberto ao público em geral. O ambiente é despojado, com detalhes como o revestimento cerâmico das paredes inspiradas em escamas de peixes.
Uma das boas notícias: o café da manhã é servido até o meio-dia, com itens da confeitaria portuguesa, iogurtes, granola, queijos, ovos, sucos naturais, croissants, entre outros itens. Há menus do dia por menos de 20 euros, com bebida incluída.
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Em cada um dos outros quatro andares, a decoração viaja por destinos que marcaram a história dos descobrimentos portugueses – nada mais propício, afinal o Tejo está logo ali.
Nessa proposta, corredores são adornados por lambris e papéis de parede ganham diferentes tonalidades.
O projeto assinado escritório BRANCO sobre BRANCO, das arquitetas Vera Moreira e Paula Laranjo, destaca, em cada andar, diferentes regiões do mundo. O Norte da África, com layout que remete ao deserto, ganha essência de flores secas e madeira. A Ásia, por sua vez, conta com papel de parede com motivos orientais e perfume de mirra. Já o Brasil tem seu andar homenageado com plantas e papagaios, perfumado com notas aromáticas de baunilha.
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Mas quando entrei no quarto, foi o agradável odor característico do mobiliário novo, das instalações recém-implantadas, que me recebeu.
A decoração privilegia os tons claros e a madeira natural. Me chamaram atenção os azulejos tradicionais portugueses da histórica marca Viúva Lamego, posicionados em pontos estratégicos. Estão, aliás, em todos os quartos.
Abrem-se as gavetas, surgem dizeres.
Abrem-se as janelas, surge Lisboa.
Os móveis foram desenhados especialmente para o hotel. A experiência sensorial proposta nos corredores continua durante o banho. No box, é possível ajustar vários programas de cromoterapia. Claro que registrei um deles.
Infelizmente, foi apenas uma noite (era meu último dia em Lisboa). E fora a excelente localização e as comodidades de um novo hotel 5 estrelas, eu diria que, se você curte história e arqueologia, o Corpo Santo Historical é o seu hotel.
Eu já diria isso, aliás, pelo simples fato de um hotel contar com arqueólogos em sua equipe de funcionários. Some-se a localização e… Bingo! Temos aí uma grande opção de hospedagem em Lisboa. Um pedaço da história da capital portuguesa.
Melhor: um hotel com a história, literalmente, a seus pés.
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