Atualizado em julho de 2025 com novos endereços, tendências e recomendações de restaurantes.
Adorei e quis compartilhar o vídeo do Culture Trip sobre como comer lámen da forma correta. Ou, talvez, como comer lámen como um japonês.
Em São Paulo, o lámen já fazia sucesso (e provocava filas) na Liberdade havia muito tempo.
Mas foi de uns três anos pra cá que o consumo de lámen se consolidou na cidade, seguindo a onda de metrópoles como Nova York e Londres.
Resultado: o que seria uma modinha acabou se estabelecendo entre os paulistanos. O lámen rompeu os limites da Liberdade e hoje figura não só em outras regiões da cidade, como também ganhou releituras contemporâneas.
O que não mudou? As filas.
Mas veja, a espera nas casas de lámen não são exclusividade de São Paulo. Até mesmo no Japão as filas se formam. Esses estabelecimentos não são restaurantes para ir com amigos e se alimentar tranquilamente. A pessoa entra, come e vai embora.
Por isso, se você pretende dar início à sua peregrinação em busca do melhor lámen de São Paulo, saiba que a espera faz parte desse show. E se ainda houver fila lá fora, é de bom tom respeitar quem ainda não se alimentou.
Dito isso, vamos em frente.
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Como comer lámen da forma correta
Os passos

- Com os hashis, misture delicadamente os noodles com os toppings.
- Cheque a temperatura do bowl; se não estiver quente demais, leve-o à boca e prove o caldo.
- Com os hashis, separe porções pequenas de massa e sorva vigorosamente os noodles junto com o caldo.
- Mastigue a massa, intercale com carne e caldo.
- Siga repetindo — massas, carne, caldo — até o fim.
- Quando acabar a massa, entorne o bowl e tome o caldo restante direto.
- Sinta o calor e o aroma até o último gole. 🙂
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Como comer lámen da forma correta
O prato

O lámen é servido fumegante, com um caldo (dashi) cozido por horas com carne de porco, frango, peixe e ossos. Os toppings variam: ovo marinado, legumes, carnes, algas, menma (broto de bambu), entre outros.
O caldo pode ser preparado com missô, shoyu ou shio, e a massa tradicional — feita com farinha de trigo, sal e kansui (solução alcalina) — confere elasticidade e cor amarelada à textura. Elemento essencial para criar aquela textura firme e mastigável.
Preparar a massa à mão, da manipulação à abertura em fios, é uma arte dominada por poucos. Digna de ser qualificada como ASMR. Não à toa, em boa parte dos restaurantes onde o preparo da massa do lámen é artesanal, pode-se observar, através de um vidro, essa atividade sendo lindamente executada. Lá vai:
Como comer o lámen
A massa

O macarrão utilizado no preparo do lámen tem massa longa e elástica, com estrutura firme e tom amarelado. Os ingredientes: farinha de trigo, sal e kansui, que vem a ser uma solução alcalina, que tem na composição bicarbonato de sódio e carbonato de potássio.
Mas precisa mesmo usar o kansui na receita? Sim. Porque é o ingrediente que confere elasticidade, sabor e a tonalidade amarelada à massa.
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Como comer lámen da forma correta
A origem
Diferentemente do que muitos imaginam, a origem do lámen não é japonesa, mas chinesa.

Os próprios chineses teriam levado o lámen ao Japão, no séc XVII, pelas mãos do confucionista Ming Zhu. No século seguinte, o lámen já era consumido nos bairros chineses de cidades portuárias próximas a Tóquio.
Os japoneses só começariam a incorporar o gosto pelo lámen na Era Menji (1868/1912), época em que o prato ficou conhecido como Chuka Sobao.
Não vá dizer por aí que lámen é a mesma coisa que miojo
Mas o lámen só se tornaria popular no Japão, pra valer, após a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Pelo fato de ser preparado rapidamente, com ingredientes de baixo custo (a farinha de trigo era doada pelos Estados Unidos).
Como comer lámen da forma correta
E o miojo?

Foi no pós-guerra que que um empresário japonês, então com 38 anos e falido, mudaria a história do lámen para sempre. Momofuku Ando criou uma versão pré-cozida do lámen, a ser comercializada em blocos, desidratada, com o nome de Nissin (“milagre” em hebraico).
Daí pra frente, a massa de origem chinesa ganhou o mundo, veja só, como um dos símbolos da culinária japonesa. Mais do que um prato, o lámen se tornou uma instituição no Japão.
Hoje, o site japonês Rámen Bank lista mais de 40 mil restaurantes especializados em lámen. O país até criou um museu dedicado ao lámen, veja só que interessante.
Aqui no Brasil, o lámen instantâneo começou a ser fabricado por um empresário chinês em 1965. E ganhou o nome de Miojo Macamen. Passou a ser conhecido por aqui, até hoje, pelo primeiro nome, independentemente da marca que o produz.

Mas veja lá, não vá dizer por aí que lámen é a mesma coisa que miojo. Porque não é bem assim.
Pior ainda é chamar o lámen de “miojo chique”.
Sem querer ofender o honorável miojo, que me salvou muitas vezes nos tempos de república da faculdade – e que vez ou outra ainda quebra um galhinho.
Digamos que o miojo é a versão instantânea do genuíno lámen. Só que pré-frita, desidratada e industrializada, com uma boa quantidade de sódio na conta.
Pois é, a verdade dói.
Como comer lámen da forma correta
Onde encontrar um bom lámen em São Paulo (2025)
Lamen Kazu: Fundado em 2008, o Lamen Kazu é um dos endereços mais tradicionais da Liberdade. Famoso por seus caldos bem executados — shoyu, missô e shio —, oferece um cardápio direto ao ponto, ambiente compacto e atendimento ágil. Mesmo com filas constantes, o giro é rápido, e o público se divide entre fãs fiéis e turistas gastronômicos. A cozinha é visível da entrada, o que adiciona charme à experiência.
Endereço: Rua Thomaz Gonzaga, 87 – Liberdade, São PauloJoJo Ramen: Com quatro unidades na capital, o JoJo Ramen se firmou como um dos ramen-yá mais consistentes de São Paulo. A mais recente, em Pinheiros, foi inaugurada em julho de 2025 e segue o modelo das outras casas: massas artesanais produzidas diariamente, caldos encorpados (shoyu, missô, kara missô) e guarnições impecáveis, como ovo mollet e chashu. O atendimento é feito com lista digital e aviso por SMS — um sistema eficiente para quem quer evitar filas na porta. O ambiente é sóbrio, de inspiração urbana, com toques minimalistas.
Endereços:Paraíso: Rua Dr. Rafael de Barros, 262, São Paulo – SP, CEP 04003‑041
Vila Mariana: Rua Gandavo, 193
Santa Cecília: Rua Jesuíno Pascoal, 24
Nova unidade Pinheiros (inaugurada em julho de 2025): Rua Padre Carvalho, 159
Hirá Ramen Izakaya: Instalado na Rua Fradique Coutinho, o Hirá combina um izakaya despojado com um ramen-yá técnico e autoral. O ambiente é moderno e animado, com balcão, mesas compartilhadas e carta de drinques que acompanha bem os caldos. Entre os destaques estão o shoyu tradicional, o missô picante e a versão vegetariana, preparada com caldo de legumes, ovo e vegetais confitados. A casa aceita reservas e costuma lotar nos fins de semana.
Endereço: Rua Fradique Coutinho, 1240 – Vila Madalena, SPTan Tan Noodle Bar: O Tan Tan é um híbrido de noodle bar e restaurante contemporâneo, com clima jovem e cozinha aberta. Conhecido por suas receitas ousadas (como o karê lámen com caldo de frango e curry) também serve mazemen (lámen sem caldo), drinks asiáticos e entradas como karaague e cogumelos grelhados. O ambiente é informal, com trilha sonora animada e clientela fiel. Aos fins de semana, a espera costuma ultrapassar 1 hora.
Endereço: Rua Fradique Coutinho, 153 – Pinheiros, SP
Aska Lamen: Considerado um dos ramen-yá mais autênticos da cidade, o Aska mantém há anos sua fórmula simples e eficiente: poucos tipos de lámen, preços acessíveis, ambiente discreto e filas diárias. A casa não aceita cartões, apenas dinheiro ou Pix, e segue o modelo japonês de “entra, come e vai embora”. O balcão de madeira e a agilidade no preparo dão ritmo ao serviço.
Endereço: Rua Barão de Iguape, 260 – Liberdade, SP
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Como comer lámen da forma correta
Mas, afinal, é lámen ou ramen?

Olha, tanto faz.
O que acontece é que o termo “lámen” tem origem no chinês “laa-mian”, que passou a ser pronunciado pelos japoneses como “ramen”. Eles não distinguem o “l” do “r”.
E assim passou a ser chamado também nos Estados Unidos.
Trata-se, portanto, do mesmo prato: o dashi muito quente, com macarrão de massa elástica, como já descrito neste post. Mas o preparo muda, ganha temperos e interpretações diferentes de acordo com o estilo de cada região e/ou chef.
Como comer lámen
Filmes para inspirar quem ama lámen
Os brutos também comem spaghetti
Tampopo, 1985
Com a ajuda de dois motoristas de caminhão, uma viúva, dona de uma casa de lámen, busca alcançar a perfeição no preparo da especialidade. Uma espécie de “Em busca do lámen perfeito”, esta comédia japonesa deliciosa de assistir, se tornou um clássico e ajudou a popularizar ainda mais o lámen mundo afora.
Naruto
(Série de Mangá, 2002-14)
O famoso anime de Masashi Kishimoto ajudou a popularizar ainda mais o lámen, já que é o prato favorito do protagonista, o garoto ninja Naruto Uzumaki. Precisamente o Ichiraku Missô Ramen. Naruto, por sua vez, é o nome de um ingrediente do lámen (a massa prensada de peixe, de cor clara, com um círculo rosa no centro), denominada assim porque sua origem é a cidade homônima, no Japão.
Lámen Shop
(Ramen Teh, 2018)
O filme narra a trajetória do japonês Masato, jovem chef de lámen que acaba de perder o pai, dono de um pequeno restaurante. Ele encontra, no diário da mãe, também já morta, receitas escritas em mandarim. E decide embarcar em uma jornada gastronômica por Singapura.
O sabor de uma paixão
(The Ramen Girl, 2008)
.
Abby é uma jovem norte-americana que viaja até o Japão atrás do namorado, mas acaba levando um fora. Sem saber o que fazer, em um país muito diferente do seu, decide se tornar chef de cozinha após perceber os efeitos da comida de um restaurante de ramen provoca nos frequentadores do lugar.
The Mind of a Chef
(Noodles)
.
Puro deleite! Disponível na Netflix, a série produzida e narrada por Anthony Bourdain destaca o lámen instantâneo e o tsukemen, logo no E-1 da T-1 (Noodles). O tsukemen é considerado um tipo de lámen. Ele se difere do lámen tradicional porque macarrão e caldo são servidos em bowls separados. Só se mergulha no caldo a quantidade de macarrão que será consumida. O sabor do dashi também é mais concentrado. Tradicionalmente, a massa é servida fria, a ser mergulhada no caldo quente.
O tsukemen foi criado em 1955 por Kazuo Yamagishi, conhecido como “deus do rámen”. Morto em 2015, era dono do restaurante Taishoken, em Tóquio. No episódio, o chef David Chang conhece o estabelecimento, considerado o templo do tsukemen. Chang também visita uma fábrica de macarrão instantâneo em Tóquio.
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