Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo

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Um jantar no Sofitel Casino Carrasco, em Montevidéu, é uma senhora experiência gastronômica.

Bem, entrar no Sofitel Casino Carrasco já é um evento. É como viajar no tempo. Precisamente voltando até o início do século passado, em 1921, quando o hotel foi inaugurado.

Jantar no Sofitel Casino Carrasco em Montevidéu |1921
O LUGAR

Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo

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O hotel é um marco na história de Montevidéu e do turismo de luxo no Uruguai. E por ser tão emblemático, acaba atraindo, além de hóspedes, visitantes para seu spa, bar e restaurante, o elegante 1921.
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Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo

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No salão, couro e metal predominam. Do teto, os lustres parecem derramar gotas de vidro, iluminando os ambientes.

Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo
Foto Luciana Lancellotti

Cortinões de xantungue e almofadas de cetim arrematam o tom dramático.

Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo

Tive um belo jantar no Sofitel Casino Carrasco e conto a seguir como foi, já pedindo desculpas pela má qualidade das fotos. Sabe aquela meia-luz deliciosa para um jantar, mas péssima para fotos? Então.

Jantar no Sofitel Casino Carrasco em Montevidéu |1921
O SOMMELIER

Para começar, um grande diferencial: a presença de Federico de Moura, considerado o melhor sommelier do Uruguai.

Apesar de eu adorar ouvir e falar espanhol, foi bom ter sido recebida por ele, literalmente, em bom português. Explica-se: o bisavô de Federico era alentejano e o avô, por sua vez, viveu muito tempo na região fronteiriça entre Uruguai e Brasil. Digamos que a Língua Portuguesa é uma aptidão herdada.

Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo
Foto Luciana Lancellotti

Sempre muito simpático, Federico trouxe contribuições muito úteis para a apreciação do jantar e da harmonização com os pratos.

Jantar no Sofitel Casino Carrasco em Montevidéu |1921
A HARMONIZAÇÃO

Para dar início ao jantar, ele propôs um espumante safrado: Sust Vintage Brut Nature 2014, da Bodega Cerro Chapeu.

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Foto Luciana Lancellotti

É um blend de Chardonnay (70%) e Pinot Noir (30%), elaborado pelo método tradicional e envelhecido por 36 meses sobre as borras. A produção foi de apenas 6000 garrafas. Como meus espumantes favoritos são os Sur Lie, adorei a escolha.

O exemplar acompanhou bem os aperitivos e a entrada, um carpaccio de salmão com crosta de ervas defumadas, cítricos em textura e caviar de San Gregorio de Polanco.

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Foto Luciana Lancellotti

Foi bem oportuna essa entrada, aliás, já que o Uruguai é o único país do Hemisfério Sul que produz caviar. Neste caso, no coração do país, com ovas de esturjões russos.

Federico, então, nos apresentou uma experiência de harmonização exclusiva do Sofitel, o Wine Flight. Literalmente, voo de vinho.

Trata-se de uma degustação de três tipos de vinho harmonizados com os pratos do jantar. Eles chegam à mesa na ordem de consumo, “voando”. Daí o nome.

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“O Wine Flight é um voo de vinhos e de experiência gastronômica, de harmonização”, me explicou Federico. Há três tipos de experiência entre os Wine Flights: local, fusão de terroir e criolla.

“Muitos clientes estrangeiros chegam ávidos por conhecer os vinhos uruguaios e o que fazemos é escolher exemplares realmente especiais de nosso país”, prosseguiu. “Propomos um conjunto bem diferente, uma degustação de três vinhos e, eventualmente, também, entram rótulos estrangeiros”.

E ele fez aterrissar, então, o Wine Flight em nossa mesa.

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Foto Luciana Lancellotti

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Os exemplares escolhidos para o jantar destacaram o terroir uruguaio. Um trio ousado e vou explicar o porquê  a seguir, a cada harmonização.

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Foto Luciana Lancellotti

 

Pizzorno Reserva Sauvignon Blanc 2011

Narbona Tannat Rosé 2015

Marichal Reserve Collection Pinot Noir/Tannat 2010

 

Jantar no Sofitel Casino Carrasco em Montevidéu |1921
O MENU

O Sauvignon Blanc da Pizzorno começa surpreendendo. Primeiro, por ser um Sauvignon Blanc reserva, safra 2011. Segundo, por estagiar três meses em carvalho. Terceiro, por ter um tempo grande de evolução em garrafa, quase 8 anos!

Incrivelmente fresco, mas com leve toque defumado, o que traz um teor mais gastronômico para o vinho. Acompanhou a entrada, uma refrescante Panna Cotta de beterraba com queijo de cabra Cerro Negro e crocante de amêndoas.
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Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo
Foto Luciana Lancellotti

 

Os pratos foram trazidos à mesa pelo próprio chef executivo. E, surpresa! É um mineiro. O jovem Kaywa Hilton, que  está há dois anos em Montevidéu, já trabalhou no Pré Catelan, no Rio de Janeiro, ao lado de Roland Villard, entre outros restaurantes.

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Foto Luciana Lancellotti
Kaywa aproveita técnicas clássicas da cozinha francesa para abrilhantar ingredientes da estação, em sua maior parte, produtos uruguaios.
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Ele traz à mesa, então, uma fainá, especialidade do norte italiano muito popular no Uruguai e na Argentina. É uma  base, produzida, aqui, com cerveja e farinha de grão de bico, coberta com homus preparado com grão de bico defumado e polvo grelhado. A finalização: mais grãos de bico e coentro fresco.
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Foto Luciana Lancellotti
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Harmonizando, o  Tannat Rosé produzido pela Narbona é surpreendente. É muito raro encontrar a Tannat vinificada em rosé. Neste caso, um rosé encorpado, com passagem de seis meses por carvalho francês, outra condição pouco usual.
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Foi uma harmonização bem diferente. O rosé, com corpo e muita fruta, criou com o prato um contraponto e um equilíbrio importantes. O carvalho, aqui, não é agressivo, cria um diálogo interessante com a untuosidade do polvo e do grão de bico.
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Apesar da boa interação, é um vinho que fala por si. “No Hemisfério Sul, somente o Uruguai produz rosés de Tannat”, complementou Federico.
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E chega o prato principal: pato em duas texturas.
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Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo
Foto Luciana Lancellotti

A coxa, confitada por 18 horas, a 75º C, forma par com o magret assado. Os complementos: creme de milho branco com cinzas de ervas defumadas e milho rôti.
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Novamente, o inusitado. Um blend de Pinot Noir (70%) e Tannat (30%), da linha Reserve Collection, bodega Marichal. “É o único corte de Pinot Noir com Tannat produzido no Uruguai”, dispara o sommelier. “E, que eu conheça, no mundo”.
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Fácil entender: dentro da garrafa estão reunidos dois extremos de um mundo. A delicadeza da Pinot Noir ganha uma dose de corpo e estrutura conferidos pela Tannat, resultando em mais volume em boca. Feito o blend, 70% do vinho passa por carvalhos francês e americano por 10 meses. Para completar, a safra de 2010 foi muito boa.
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Resultado: o caráter untuoso do pato confit e a intensidade do magret com o rôti fazem com que o vinho seja um ótimo complemento, bem alinhado com o prato.


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Jantar no Sofitel Casino Carrasco em Montevidéu |1921
GRAN FINALE

Enfim, a sobremesa. “Esta é a minha versão da pera Belle Hélène”, diz o chef. Ele se refere ao clássico francês, um dos muitos criados pelo mestre Auguste Escoffier (1846-1935). Na versão original, as peras são cozidas em calda de açúcar e servidas com calda de chocolate e sorvete de baunilha.

Ao revisitar o clássico, Kaywa apresenta uma esfera de chocolate recheada com crumble também de chocolate, sorvete de baunilha e peras confitadas. Assim que se derrama a ganache quente de chocolate amargo, a esferra se derrete,  mesclando diferentes texturas, sabores e temperaturas. “O resultado, na boca, é bastante divertido”, provoca o chef.

Jantar no Sofitel Casino Carrasco Montevideo
Foto Luciana Lancellotti

Harmonização: um late harvest produzido com uvas Gewürztraminer botritizadas, Botrytis Excellence 2006, produzido pela bodega Familia Irurtia, em Carmelo. Na década passada, só foram possíveis duas safras (o outro ano foi 2002).

Com passagem de 12 meses por carvalho francês, é um vinho delicado, com notas de mel, frutas secas, damascos e uma notinha de pêssego. “Não era a harmonização mais recomendada, mas achei que seria diferente oferecer esta opção, já que é raro encontrar vinhos Botrytis de Gerwustraminer e o resultado é bem interessante”, concluiu Federico.

De fato, a acidez, bem equilibrada com o açúcar, proporcionou uma combinação agradável e um grande desfecho para o jantar.


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Jantar no Sofitel Casino Carrasco em Montevidéu |1921
CONCLUSÃO

Jantar no Sofitel Casino Carrasco é um programa que recomendo. Montevidéu é uma cidade bem tranquila, tem uma atmosfera que parece acalmar, estresse zero. E o restaurante tem um ar que acompanha essa frequência. Ótimo serviço, na sintonia ideal. E uma grande experiência de harmonização.

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Jornalista e consultora nas áreas de gastronomia e viagem, não recusa uma taça de um bom Syrah. Editora de Estilo da revista ISTOÉ Dinheiro, foi diretora de redação da revista WINE, crítica de restaurantes da revista Playboy, repórter e apresentadora na Rede Globo São Paulo e TV Cultura.
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