Se você abomina a ideia de se hospedar em hostels (albergues), trago algumas boas razões para que reveja seus conceitos. A começar pelo fato de vivermos em uma época em que se privilegia muito mais a experiência do que o luxo ou o serviço estrelado – vide a revolução encabeçada pelo Airbnb, fortalecida pelos preços convidativos.
“Nunca terei coragem de compartilhar um quarto de hotel com estranhos!”, você vai dizer.
Acredite, nem eu.
Mas se você costuma desconsiderar, de cara, a hospedagem em albergues, talvez desconheça o fato de que muitos desses estabelecimentos também oferecem quartos privativos.
Mesmo sabendo disso, muitos viajantes rechaçam a ideia de se hospedar em hostels por imaginarem locais barulhentos, que sobrevivem sob padrões questionáveis de higiene. Também, por receio de se sentirem estranhos no ninho, em meio a uma turma de mochileiros na faixa dos 20 e tantos anos de idade que pouco se importam com o mínimo conforto.
Mas é hora de esquecer esse cenário.
Uma nova geração de hostels vem marcando tendência e, ao que tudo indica, chegou para ficar. São os chamados high-end hostels, design hostels, poshtels, 5 Star hostels, upscale hostels ou mesmo luxury hostels.
Já ouviu ou leu alguma dessas dessas expressões?
Esse novo conceito de hostel se situa no nicho entre os albergues tradicionais e os hotéis-boutique. De olho em viajantes que querem gastar bem menos sem abrir mão do “cool factor”, os novos hostels oferecem diferenciais que, aos poucos, vêm conquistando um público inédito nos albergues, como executivos e famílias.
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De Miami a Tel Aviv, de Paris a Sydney, de Londres à Cidade do Cabo, os novos hostels estão espalhados pelos quatro cantos do planeta. E costumam ser ótimos em termos de localização, estilo e limpeza.
Além de mais econômicos, os novos hostels são inteligentemente idealizados, vários deles com ambientes projetados por importantes nomes do design internacional, como a dupla Robin Standefer e Stephen Alesch, da Roman and Williams.
Quem se hospeda nos quartos privativos, com banheiro interno e total privacidade, tem a sensação de estar no apartamento de um hotel convencional.
Digamos que o resultado é um quarto de hotel com atmosfera de albergue.
Muitos desses estabelecimentos inclui o café da manhã na diária e disponibiliza o WiFi gratuitamente. Também dispõem de cozinha comunitária, o que pode representar uma economia ainda maior para quem viaja.
Vários contam, ainda, com serviço de concierge e abrigam restaurantes que, de tão badalados, atraem também os locais. É o caso do Broken Shaker, bar instalado no Freehand Miami. A carta de drinques, premiada, é considerada uma das mais inventivas do mundo. Não à toa, já se tornou um dos hotspots na cidade.
As peculiaridades podem também incluir bares a céu aberto na cobertura e a indefectível piscina rodeada por charmosas espreguiçadeiras. São ambientes que, dependendo do hostel, ganham brilho novo durante a noite, com direito a luz de velas e drinques embalados por acordes de lounge music.
Redes voltadas aos high-end hostels vêm investindo pesado em inaugurações, escolhendo estrategicamente a localização de seus novos hotspots. A Freehand, por exemplo, que já conta com hostels disputadíssimos em Miami, Chicago e Los Angeles, prepara-se para abrir, agora em 2017, uma nova unidade em Nova York.
O local: o prédio que já abrigou o antigo (e lendário) George Washington Hotel (Gramercy Park).
A gastronomia do novo hostel terá no comando Gabriel Stulman, restaurateur à frente de vários restaurantes e cafés no West Village, como Fedora, Perla Cafe e Joseph Leonard.
SEGURANÇA
A essa altura, com tantos atrativos, você deve estar questionando:
– OK, mas esses high-end hostels são seguros?
A resposta é simples.
Já que estamos falando sobre quartos privativos, grosso modo, você deve ter os mesmos cuidados que tem com seus pertences ao se hospedar em um hotel convencional.
Há câmeras de segurança nas áreas comuns, cartões magnéticos para acesso ao quarto e, na maioria das vezes, funcionários na recepção 24 horas por dia. Vários hostels também têm cofres nos quartos privativos.
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Uma boa dica para conferir esse quesito antes de fazer a reserva é sondar um bom número de reviews no Trip Advisor e no Booking.com. Parece óbvio mas, neste caso, a segurança é um dos temas mais abordados pelos hóspedes.
Também preciso destacar algo curioso: há um certo sentimento de comunidade que faz com que muitos frequentadores se sintam mais seguros nos hostels do que estando completamente sozinhos em um hotel ou apartamento.
Interessante, não?
Antes de reservar, porém, é preciso ter em mente:
Vai ter luxo? Não. Estrelas, só as do céu.
Serviço de quarto? Também não.
Muito barulho? Não, a menos que seja um “party hostel”.
Elevador? Amenities de banho? Mini-bar? Às vezes.
Estacionamento? Quase nunca. Mas a localização costuma privilegiar o acesso ao transporte público.
SOCIALIZANDO
Mantendo a tradição dos antigos albergues, os novos hostels proporcionam, nas áreas comuns, a troca de ideias com hóspedes de outras culturas (algo que não acontece tão facilmente nos hotéis). Por isso, esses lugares são ótimos para socializar e agradam àqueles que não se sentem completamente à vontade quando viajam sozinhos.
Hostels também são conhecidos pelos eventos que promovem. Além dos passeios e atividades pela cidade, há os que incrementam as atividades com aulas de culinária e jantares gastronômicos, outros trazem DJs, organizam noites de cinema e por aí vai.
A rede Generator, que conta com os hostels mais estilosos da Europa, tem entre as propostas a combinação do design de ambientes com atividades para os hóspedes. Na unidade de Amsterdã, por exemplo, são organizadas degustações de cervejas e master classes de café.
Os novos albergues também são a luz no fim do túnel para viajantes executivos quando todos os hotéis da cidade já estão lotados em virtude de congressos ou outros eventos. Positivamente surpresos com a atmosfera amigável e o ambiente de trabalho compartilhado, muitos se tornam frequentadores.
PARA TODAS AS IDADES
De acordo com um levantamento feito pelo Hostelworld – maior motor de reservas de hostels do mundo –, atualmente 9,3% das reservas são feitas por viajantes com mais de 41 anos. Outros 20% têm entre 31 e 40 anos. E cerca de 40% são jovens profissionais na faixa tardia dos 20.Diante desses dados, conclui-se que, cada vez mais, não é preciso ser um millennial mochileiro para se hospedar nos novos hostels.
Mas, definitivamente, é preciso ser um “young at heart traveler” para se hospedar em um deles.
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